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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

ANTONIO JÚNIOR
( BRASIL – BAHIA )

 

Natural de Itabuna- Bahia (1970) é escritor, poeta, jornalista e
aventureiro.
Autor de livros como O Aprendiz do Amor (1993), Ficar Aqui Sem Ser Ouvido por Ninguém (1998) e ArtePalavra – Converss no Velho Mundo (2003).
Trabalhando como free-lancer para várias publicações brasileiras, portuguesas e espanholas, entrevistou uma série de celebridades e viveu em Portugal, França e Inglaterra. Atualmente (em 2006) vive em Barcelona, onde escreve (escrevia...) a novela Las Casas de Gitano Duran Poco.

 

IARARANA – revista de arte, crítica e literatura.  Salvador, Bahia.  No.  12 – Novembro 2006;.  Editores: Aleilton Fonseca; Carlos Ribeiro;  José Inácio Vieira de Melo,.      
ISSN 1518-5311  -                          Ex. bibl. de Antonio Miranda

  

VERSOS ANDALUZES
(DIANTE DAS LUZES DE TANGER)

 

        01.

sou um homem de olhos aberto de volta à espanha
colorida de almodóvar.
eu olho ruas, que não são minhas ruas,
e beijo a história e o seu silêncio sofrido,
e penso em coisas surgidas do passado.

me acende o coração ver rudes ciganos,
me consola o espírito acariciar o mar.
sou um homem de olhos abertos de volta à espanha
flamenca.

e nada é mais importante do que o caminho
a seguir, caminho de descobertas.
nada desperta os fantasmas do general franco
perdidos em noites antigas.
e a melancolia mais funda não mais importa.

sou um homem de olhos abertos de volta à espanha
sedutora de carmen.

       02.

se um amante esqueceu alguns objetos,
seu relógio, seu sangue e sua alegria.
se observo que não é meu o frescor
que embeleza a sua carne ou se essa música
tocando não é nossa, não se assuste,
se aparecer inundações, de repente,
em seu quarto e o arrastam
para os rios de um corpo e seu refúgio,
fingirei um silêncio asséptico, educado.
não vou pregar perguntas ácida.
nada reclamarei na minha chegada.
se guarda em seu cabelo leves rastros
dos meus dedos, se está saudoso e pálido
acaso por minha ausência, e quem habita
as suas cuecas é o meu perfume
quero saber, mas nada perguntarei.

talvez seja fácil não discutir e calar-se.
porque houve idade em que as carícias
eram vozes apaixonadas que rompiam cristais.
toda tentativa de controle seria cínico.
agora basta o seu olhar
e o mundo ocultos detrás de minha retina.


03.

na véspera de chegar,
é confuso o que sinto,
e o que quero fazer.

morre a tarde no mar
e não sei se morro
ao voltar a começar.

eu não quero ir,
não se se partir
é um voltar sem fim.

que angústia pensar,
antes de viajar, se há a possibilidade
de nunca mais retornar.

toda a saudade agora
se amplia e ao crescer
confunde-se com a própria luz do amanhecer


embora vá e aonde vá,
sou esse cigano maduro
que não se encontra em nenhum lugar.

sentir-se jovem não é ser jovem,
é só a ilusão
de amanhecer.

e eu amanheço,
mas ao colocar o pé na estrada, subitamente,
com que susto anoiteço.

porém, meus olhos,
cintilantes, ao vento,
enxergam a flor da juventude.

não me espere, não sei aonde vou
caminho nesta estrada
que leva para dentro de mim.


04

agora estamos acabando a pintura
novos dalis
pintando o surrealismo
como se cada um de nós fosse um dalí
porque você não teve tempo de acaba-la
porque não completou amor nenhum
jamais finalizou uma tela.
e enxergou o amor na tela,
nasceu para isso.
o amor não acabou,
a pintura também não.

o surrealismo desenjaulado, livre
o surrealismo liberando o amor
o único lugar que se pode
terminar a pintura.

enquanto tantos roubam sensações
podemos tentar novamente
para ver se desta vez haverá um equilíbrio criativo

mas nada se repete, saiba
a história somente se transforma
o surrealismo do amor dilui-se
em pedaços de lembranças românticas

 

*

VEJA e LEIA  outros poetas da BAHIA em nosso Portal:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/bahia/bahia.html

 

Página publicada em novembro de 2023


 

 

 
 
 
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